quarta-feira, 1 de abril de 2009

Minha maior (melhor) descoberta

O que posso dizer? Sou mulher! Ou quem sabe metade, ou quase uma, chegando lá!!
Para uma adolescente, já passou o tempo. Para uma balzaquiana, falta chão.
Semana retrasada vi uma peça de teatro que falava sobre as mulheres de 30.
Apesar de nunca ter atingido tal idade, me senti falada, me senti expressada, me senti nua diante dos depoimentos ditos em tão alto e bom som perante tantos estranhos e estranhas.
Ainda não uso cremes anti-sinais para disfarçar minhas histórias traçadas como tatuagens na pele. Pelo contrário, anseio por elas, desejando vivê-las intensamente como se fosse uma menina de 15 anos.
Mas tenho pintas de sol que mostram o quanto minha infância exposta nos quintais e nas ruas de casa ou de meus avós, foram o suficientes para trazer lembranças de brincadeiras e pensamentos bobos. Em cada pinta, cada sarda, um dia diferente que era ansiosamente esperado desde o final de cada oração de boa noite do dia anterior até o amanhecer do dia seguinte.
Não tenho uma lista de homens que amei e fui pra cama, desejei não ter amado ou desejei ter amado mais.
Mas tenho uma história de amor que vivi e que é só minha. Que nunca ninguém viveu, nem desejou não ter amado, nem desejou amar mais.
Não tenho uma dieta balanceada que dê equilíbrio para o meu corpo e ajude a minha mente a pensar com mais clareza, perspicácia e segurança de uma mulher madura e decidida. Que ajude na elasticidade da minha pele e luminosidade de meus cabelos.
Tenho vontades e desejos de bobagens a cada final de semana. Minha pipoca tem manteiga a cada sessão de cinema, combinada ou por acaso. Minha TPM me permite mais do que um pedaço de chocolate por dia.
E apesar de todas essas coisas e tantas outras mais, eu estava ali, diante daquelas mulheres de 30, me sentindo igual. Não com 30 anos. Apenas mulher!
Olhando pra tudo aquilo que eu já vivi e tudo que sonho em viver, com todas as quedas que me esperam, tantos assombros, medos, conquistas, batalhas perdidas e vencidas pude perceber que somos iguais.
Porque não existe diferença na idade de uma mulher quando ela pensa como uma mulher. Quando ela passa a viver como uma mulher. Quando deseja, quando ama, quando sonha, quando conquista, quando perde, quando apaga e quando brilha. E isso a gente faz desde o dia que a gente nasce. Desde o dia que a gente nasce mulher.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Uma manhã como todas as outras.


Ela abre os olhos e os fecha novamente como quem não quer acreditar que esta de volta nesse mundo. Escuta sua mãe na cozinha e sabe que esta na hora de se mover ou a mulher vai subir e mandar ela fazer isso. Então se levanta, esfrega os olhos com os punhos em um longo bocejo, veste um roupão por cima da camisola, calça as pantufas de coelhinho e caminha até o banheiro. Escuta sua mãe chamando por seu nome na cozinha, e fica imaginando porque tanta pressa para viver mais um dia igual a todos os outros. Não pense você que ela desistiu da vida ou algo do tipo. Ela ainda tem muitos sonhos sim e muita coisa para viver, mas esta em uma fase da sua juventude que acha o mundo uma farsa. E esta sendo uma fase longa e difícil de atravessar. Pois bem, a menina caminha até a cozinha ainda com a sua roupa de dormir, passa batido pela mãe e vai até o escritório aonde se encontra o seu melhor amigo dos últimos tempos. O computador. Ela o liga sem muita pretensão de usá-lo e volta para a cozinha para tomar seu café. Senta e escuta as reclamações da mãe sem realmente prestar atenção no que a mulher fala, e observa sua avó. Trata-se de uma senhorinha de 90 anos que já não espera muito da vida. A senhora toma o seu chá lentamente tentando entrar no assunto que sua filha tanto fala, mas na verdade ela não consegue entender nada. Então ela desiste e volta para o seu chá. A menina observa tudo afogada nos seus pensamentos. Ali estão três gerações. Três mulheres iguais e completamente diferentes ao mesmo tempo. Ali a sua frente está dois dos seus grandes exemplos femininos. Tudo que ela quer e não quer ser no seu futuro. As três estão sentadas na mesma mesa, mas elas não estão na verdade ali. Elas não estão, na verdade, no mesmo mundo. Elas apenas estão ali, desejando estar em outro lugar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

PontaPé Inicial

Vamos lá!!! Alguém tem que começar a mexer aqui!!!

Pra primeiro poste escolhi esse texto da Martha Medeiros.
Vamos ver se ele nos inspira!!!rs

"Essa coisa de que a maturidade nos ensina a viver melhor é mais ou menos verdade. Ao entrarmos na segunda metade da vida, realmente ficamos mais espertos, não perdemos mais tempo à toa, compreendemos melhor nossas escolhas e renúncias, enfim, a vida se torna mais ágil, mas quanto aos erros e acertos, fica tudo na mesma. Acertamos onde já acertávamos antes, e erramos igualzinho como sempre erramos. Nem mesmo se consegue trocar erros antigos por erros novos. Eu cometo os mesmos erros desde que me conheço por gente. Desde guriazinha. Meu erro maior é a impaciência. Eu não sei esperar as pessoas darem o passo em minha direção, eu avanço e atropelo, porque a ansiedade não me permite atitudes civilizadas tipo "aguardar o momento do outro".Que aguardar, que nada.- "Já tem a resposta?"- "Você já está vindo pra cá?"- "Leu meu e-mail?"Logo eu, a defensora número 1 da placidez humana.A que considera a coisa mais notável do mundo ser calma e respeitar o ritmo natural da vida.A que faz poesia sobre a magnificência do tempo.A que estimula a meditação e a contemplação do universo.Balela. Sou uma fominha.E claro que, depois de receber minhas respostas - meio capengas, por causa da minha pressa - eu fico me martirizando. Por que não esperei? Por que dei bandeira? Por que forcei a barra? Por que fui tocar naquele assunto espinhoso? Teria sido tão mais elegante ficar na minha. Prometo que da próxima vez ficarei de bico calado.A próxima vez! Que piada. Nunca fui boa aluna, não vai ser agora que vou aprender alguma coisa.Eu anuncio em primeira mão todos os meus atos e todos os meus sentimentos, extra, extra!Eu me jogo, me disponibilizo, me dispo, me coloco a serviço de Deus e do diabo, eu não me economizo! Sou controladora, mas não controlada, enfio os 10 dedos na tomada, levo choque, e mais tarde repito a dose, novo choque: sou uma viciada em arrependimentos emocionais.O que me conforta é que esse apego aos meus erros me inspira versos, crônicas e ficção, me ajuda a construir personagens, a dar-lhes uma vida que parece de verdade, e enriquece minha própria história, dá a ela credibilidade, já que ninguém confia muito em quem apenas acerta. Qual o seu erro favorito? Pode ser um homem que lhe despreza. Uma mulher que nunca retorna as ligações. Você se expõe demais. Ou de menos. Fala muito de você mesmo.Acredita nas mentiras que inventa. Em que erro você se apegou com tamanho carinho que nunca mais conseguiu abandonar?Eu sei que a gente acerta muito, e os acertos nos transformam em alguém melhor, alguém que evolui, que sobe degraus no conceito da humanidade. A cada acerto somos reinaugurados, ficamos mais longe das nossas imperfeições. Mas é a reincidência nas bobeadas que autentica nosso lado mais verdadeiro, humano e normal."